Sunday, September 21, 2008

O AR QUE RESPIRAMOS


Este é um interessante e bem conseguido filme mosaico, na linha de grandes filmes como "Colisão", "Babel" ou o pioneiro e original obra-prima de P.T.Anderson "Magnolia". Claro que esta primeira obra de Jieho Lee não está ao (alto) nível dos filmes já referidos, mas é um filme com uma narrativa bem estruturada (que nos leva para diante ou para trás na história, consoante o(s) personagen(s) que acompanha.
E é, para mim, um dos filmes mais interessantes e estimulantes que vi nas últimas semanas, no meio de tanto "filme-plástico", de consumir e deitar fora, que invade as salas de cinema nesta época do ano... Para 1ª obra, penso que é um filme muito bem conseguido e de qualidade, onde se destaca a ligação entre as várias personagens, que só vamos descobrindo ao longo do filme (fórmula já bastante usada, mas eficaz) e a própria interpretação dos actores, das quais destaco a de actores que habitualmente não vemos em filmes mais "sérios" ou dramáticos, como Brendan Fraser (que este ano também podemos ver em "A Múmia" e "Viagem ao Centro da Terra"), que pessoalmente gosto mais de ver a interpretar papéis dramáticos, do que as habituais comédias; aqui a fazer um personagem a milhas de outros em que já o vimos antes, e a safar-se muito bem. Também Sarah Michelle Gellar consegue cativar com a sua interpretação mais envolvente e sentida que o habitual. O terceiro que também está muito bem, mas que sempre se destacou neste tipo de personagem (mafioso implacável) é Andy Garcia.
De resto, uma boa realização, boa banda sonora e planos muito bonitos pontuam este agradável filme sobre as coincidências (ou não) da vida quotidiana de 4 ou 5 personagens centrais.
Merece um visionamento no grande écran.

A ILHA DE NIM

Um filme de aventuras e comédia familiar muito divertido, e nada enfadonho como alguns que por aí andam.
Bons actores (os três), sobretudo a protagonista e Jodie Foster a interpretar uma escritora de romances de aventuras que sofre de agorafobia e que não consegue sair de sua casa, nem para apanhar o correio. É visualmente imaginativo: a introdução que a personagem interpretada por Abigail Breslin faz para explicar como ela e o pai foram parar à ilha, está muito imaginativa e apela ao nosso imaginário infantil das histórias, numa animação clássica de teatro de marionetas, assim como todo o estilo kitch dos turistas que chegam naquele cruzeiro "manhoso", e de outros personagens do próprio romance de aventuras que a pequena lê, e da qual é fã.Muito divertido e inocente. Vale a pena a ida ao cinema.

Thursday, August 21, 2008

VIGILÂNCIA

Um thriller bastante interessante e desconcertante, que nos deixa com os nervos à flor da pele, sobretudo numa cena específica com 2 agentes policiais bastante fora do comum e infelizmente com muito tempo livre... Um bom policial, que nos mantém presos à cadeira até ao fim, com bastante suspense e uma atmosfera de filme negro, com personagens muito 'sui generis' e até sinistras, contribuindo para a atmosfera sombria e surrealista que se sente em quase todo o filme, onde nem tudo é o que parece...
Boas prestações de Bill Pullman e Julia Ormond, mas também dos outros actores secundários.
A ver por quem gosta de policiais bem escritos, e que gosta de ser surpreendido.

Tuesday, August 12, 2008

OS REIS DA RUA

Este policial realizado pelo argumentista do excelente “Dia de Treino” (2001) fica um pouco aquém dessa mesma obra, já que o género é o mesmo, mas o argumento não está tão bem trabalhado, nem as interpretações são tão fortes e poderosas como as do filme de Antoine Fuqua. O realizador pega numa história semelhante (também se passa nos meandros do meio policial e seus agentes), em que as forças policiais estão embrenhadas num nevoeiro denso de corrupção, decadência e abuso de poder. Aqui o personagem principal é interpretado por Keanu Reeves, que faz o melhor que pode, mas que não é claramente um actor adequado a este tipo de personagem, porque nunca consegue transmitir de forma credível e realista, a luta interior de um agente que tem uma forma de actuar pouco ortodoxa, mas mesmo assim acredita que a polícia existe para preservar a ordem e segurança nas ruas. Claro que não está nem perto da excelente interpretação de Denzel Washington em “Dia de Treino”e que lhe valeu o Óscar de Melhor Actor, mas a personagem deste também era mais ambígua. O argumento não é mau, e até consegue prender-nos à intriga e à investigação do que de facto se está a passar naquela brigada, com algumas surpresas, mas não em relação ao desenlace final, que para mim, foi demasiado previsível. Tem algumas sequências de acção e violência física muito realistas e bem conseguidas, bem ao estilo de James Ellroy (que também assina o argumento), mas não consegue alcançar a qualidade e densidade dramática de policial negro como “L.A. Confidential” de Curtis Hanson ou “A Dália Negra” de Brian De Palma, por exemplo. De qualquer forma, um policial mediano que merece um visionamento.

UM HULK MAIS COMERCIAL, MAS COM MENOS ALMA

Nova incursão no cinema do personagem de BD da Marvel, muito pouco tempo depois da primeira adaptação pelo versátil Ang Lee em 2003. Aliás, para mim, esse filme foi até agora uma das adaptações mais fiéis e originais de uma personagem de BD ao cinema. Não fez sentido quando soube que iria haver uma (re)adaptação de Hulk, num filme radicalmente diferente, com novos actores e realizador, devido ao desagrado que o filme de Ang Lee provocou nos fãs (não em todos certamente…), mas sobretudo devido aos fracos resultados de bilheteira. Mas lá fui ver o Edward Norton como Bruce Banner/Hulk, a Liv Tyler como o amor deste (Betty Ross) e William Hurt no papel do Coronel Ross. E para surpresa minha gostei do filme. O elenco é bom e os actores estão bastante bem, mas é na interacção entre Norton e Tyler que reside a grande força dramática da história no filme. Há de facto uma química inegável entre os dois. Norton compõe aqui um personagem mais humano e frágil do que o de Eric Bana no primeiro filme, e Liv Tyler também está bastante convincente. A relação entre eles é de facto o centro da história, enquanto no outro filme a tensão dramática e psicológica se centrava mais na luta interior do personagem contra o seu Hulk e os traumas da sua infância, relacionados com a personalidade desequilibrada e megalómana da figura paterna (Nick Nolte). Apesar de tecnicamente bem executado, tanto a nível de efeitos especiais (a “hulkificação” é mais realista), como a nível da direcção das sequências de acção, não há amor como o primeiro, e continuo a gostar mais da versão de Ang Lee, para mim mais original a nível de realização e montagem de planos, e também complexa, em que se arriscou um estilo mais arrojado e artístico. Este filme não desilude, pelo contrário, mas é um objecto de cinema mais académico dentro do género, sem inovar muito, e mesmo a última sequência do confronto entre Norton e o seu némesis interpretado por Tim Roth, é relativamente previsível e sem grande impacto. Apenas uma nota positiva também para os cameos de Stan Lee e Louis Ferrigno, e de outro personagem surpresa que aparece no final, abrindo uma porta para um futuro projecto a juntar 2 personagens BD da Marvel (ou mais).

Monday, August 11, 2008

A MÚMIA: O VAZIO DO FILME DE AVENTURAS

Quando percebi que ia haver um novo filme desta saga pensei: "Outro filme mediano pra fazer render o peixe...". Depois de ver o trailer, ainda pensei que se calhar estava a exagerar e que este novo era capaz de até ser um bom entretenimento, e lá fui ver o filme não com grandes expectativas. Enganei-me, só em parte. Realmente, foi pra fazer render o peixe, mas o filme não é mediano, é mesmo muito mau! O primeiro "A Múmia" ainda nos fazia rir e tinha uma dinâmica e envolvência, que nos fez matar saudades do filme de aventuras clássico, cujo expoente máximo ficará pra sempre na nossa memória e na história do cinema como a saga "Indiana Jones" de Spielberg. Mas como Stephen Sommers nunca chegará aos calcanhares do mestre, o segundo filme já perdia um pouco dessa dinâmica e frescura do primeiro, sobretudo porque Sommers começou a ficar obcecado com as novas tecnologias CGi e inundou a película de efeitos especiais, preocupando-se cada vez menos com o enredo e as personagens; o exemplo de um filme cuja história servia os efeitos e não o contrário, como é suposto acontecer. Neste terceiro filme o mesmo acontece, mas com a agravante de nem assim a história se conseguir "engolir", tal é a má qualidade do argumento e a prestação dos actores. É ridículo que paguem milhões de dólares a dois tipos pra escreverem um argumento destes... Mesmo sendo um filme de aventuras e fantasia onde virtualmente tudo pode acontecer, se o argumento fosse razoável, as personagens tivessem um mínimo de densidade psicológica ou nos cativassem, toda a patetice que vemos desfilar no écran poderia ter algum interesse ou emoção... mas não tem. O argumento, e consequentemente, o filme são completamente VAZIOS de emoção, surpresa e dinâmica... Nada do que vi durante o tempo de duração do filme me fez sentir o que quer que fosse. Clichés em catadupa, gags sem qualquer piada, sequências de acção sem emoção, momentos dramáticos piores que os das novelas venezuelanas. Bom a nível visual? Sim, é razoável. Mas de nada servem meia dúzia de grandes cenários e bons valores de produção, quando mais nada existe. A maioria das cenas de acção é de tal forma ridícula e desprovida de emoção, que não me provocou mais nada senão um enorme bocejo. Este filme é irritante de tão ridículo e aborrecido. Um dos piores do ano até agora, sobretudo pra toda a publicidade que foi feita. A esquecer...

Wednesday, November 28, 2007

A Outra Margem

Um bom filme português, que consegue ter uma história simples contada com envolvimento, simplicidade e emotividade, o que se deseja em qualquer obra de bom cinema. Coisa rara no cinema português... É um filme de sentimentos, sobre sentimentos e relações humanas, onde é interessante ver como a inocência e simplicidade de alguém que não tem preconceitos morais ou sociais de qualquer espécie, o personagem com trissomia 21 (mongolismo), consegue fazer perceber a alguém que já perdeu a vontade de viver, que a vida merece sempre ser vivida, independentemente do sofrimento que se encontre pelo caminho.
Filipe Duarte está excelente no papel do travesti que perde a razão de viver, numa interpretação de "underacting" muito conseguida, em que um olhar ou um simples gesto valem mais que muitas palavras. Enquanto Tomás Almeida nos consegue arrancar sorrisos com algumas frases e momentos que nos vai dando ao longo do filme, conseguindo também uma interpretação digna de atenção, acrescida do facto de não ser actor profissional. De realçar também a qualidade da fotografia nalgumas cenas.
Um filme português a ver, ao contrário de alguns `objectos` estranhos de dito `cinema português` que se encontram ainda nas salas.

About Me

Porto, Norte, Portugal
Apenas um grande amante de cinema e do audiovisual, para quem esta forma de arte é uma paixão e até um vício...